terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A história de Santo Amaro ou Mauro


A cidade de Santo Amaro está situada no fundo do Recôncavo Baiano. Desenvolveu-se em terraços do Rio Subaé, no ponto em que este recebe o Rio Sergimirim como afluente, tendo como núcleo a área formada pela Matriz de Nossa Senhora da Purificação e pela Casa da Câmara e da Cadeia (onde hoje funcionam a sede da Prefeitura e a Câmara de Vereadores).
O seu centro histórico, limitado entre as praças da Purificação e do Rosário, é composto por 27 ruas e possuía, em setembro de 1978, algo em torno de 75 prédios de valor histórico/arquitetônico, muitos dos quais já não mais existem.
Atualmente, Santo Amaro tem, aproximadamente, 600Km2 e, além da sede, possui os distritos de Acupe, Oliveira dos Campinhos e Pedras. No entanto, já teve 1.239 Km2 e 14 distritos. Destes, emanciparam-se Conceição do Jacuípe, Terra Nova, Amélia Rodrigues, Theodoro Sampaio e Saubara, que levaram consigo outros distritos.
A população nativa da região era formada pelos índios Caetés e, depois, pelos Potiguarás e Carijós. Sua origem é a mesma de São Francisco do Conde.
Quando, em 1559, a sesmaria foi doada a Fernão Rodrigues Castello Branco, seus limites iam de Marapé à Ponta de Saubara. Um ano depois, Castello Branco doou-a a Francisco de Sá, filho do terceiro Governador Geral que, em 1553, constrói o Engenho Real de Sergipe.
Com a morte de D. Francisco, as terras passam à sua irmã, Da. Felipa de Sá, casada com D. Fernando de Noronha, o Conde de Linhares.
Em 22 de novembro de 1602, Da. Felipa vendeu 400 braças em quadra a Gonçalo Alves, que, posteriormente, as transferiu para os Beneditinos em 26 de março de 1607. Ainda neste ano, a ordem beneditina ergueu a capela de Santo Amaro (ou São Mauro, também chamado de Santo mauro, cuja cacofonia geraria o Santo Amaro), que ainda existe na cidade.
Da. Felipa doa o engenho Real do Conde aos Jesuítas de Santo Antão de Lisboa, que nele constróem a Igreja de Nossa Senhora da Purificação. Em 1678 o tempo ruiu e não foi reerguido, sendo a freguesia mudada, provisoriamente, para a capela do Rosário, às margens do rio Traripe.
Com o assassinato do vigário do Rosário, a sede da freguesia foi mudada para a capela de Santo Amaro, em torno da qual já existia uma pequena povoação. Em 1700 iniciou-se, "hum tiro de pessa rio acima" (ou seja, a um tiro de canhão no sentido contrário ao do rio), a construção da atual Matriz de Nossa Senhora da Purificação.
D. Pedro de Noronha, primeiro marquês de Anjena, indo visitar, em 1716, as minas de salitre de Monte Alto, visitou também Santo Amaro e Maragogipe, pedindo então, à Coroa, a elevação de ambas à categoria de Vila.
A medida só efetivou-se em 5 de janeiro de 1727, no governo do Conde de Sabugosa. A demora deveu-se à resistência das Câmaras de São Francisco e Jaguaribe.
O município de Santo Amaro compreendia, então, as freguesias de Nossa Senhora da Purificação, São Domingos de Saubara, Nossa Senhora de Oliveira dos Campinhos, São Pedro de Traripe e Rio Fundo. Era presidente da província o Dr. Francisco Souza Paraizo quando as vilas de Santo Amaro e Cachoeira foram elevadas a cidades pela Lei nº 43 de 13 de março de 1837.
Em 1847 foi estabelecida a navegação a vapor regular entre Santo Amaro e a Capital, da qual dista em 50 Km em linha reta. Em 1855, uma epidemia de cólera (Choleramorbus), vinda de Cachoeira, matou metade da população urbana da cidade.
Durante os movimentos emancipacionistas nacionais, Santo Amaro sempre esteve em destaque, como nas Revolução dos Alfaiates e Sabinada. Na Guerra do Paraguai, enviou, em três batalhões de Voluntários da Pátria, 1.290 homens, além de grandes recursos financeiros.
Em 14 de junho de 1822, a Câmara de Santo Amaro reuniu-se em prol da Independência do Brasil, dando início aos movimentos que geraram o 7 de setembro de 1822. A "Leal e Benemérita" cidade de Santo Amaro teve participação ativa do início ao fim do processo da emancipação nacional.
A economia santamarense, desde o Século XVI até há poucos anos, esteve vinculada à cultura da cana-de-açúcar. Em 1757 existiam 61 engenhos funcionando. Por volta de 1870, restavam, ainda, 31.
Com um porto dentro do continente, Santo Amaro foi um importante entreposto comercial da região e o principal porto açucareiro do Recôncavo. Em 1802, as duas vias terrestres que interligavam o País tinham Santo Amaro como elo de união. A que vinha do Norte, desde o Maranhão, passando pelos sertões e a que vinha do Sul, desde Minas Gerais e Novas. O município ainda produzia fumo e algodão.
Nas últimas décadas do Século XX, novas culturas, com dendê, cacau e bambu foram implantadas. A cidade chegou a industrializar-se de forma satisfatória, com três indústrias metalúrgicas, duas açucareiras, duas papeleiras e uma de óleos vegetais, mas o nível industrial não se manteve.
Em 1759, a população de Santo Amaro era de 13.735 habitantes, sendo 5.782 na sede (que possuía 753 casas), 2.115 em Saubara (242 casas), 1.586 em Campinhos (234 casas) e 4.252 em Traripe e Rio Fundo (471 casas). Em 1970, possuía 46.593 habitantes, sendo 20.767 na sede.
Cidade histórica, Santo Amaro registra a passagem de relevantes vultos da nossa História Nacional, como D. Pedro II e Ruy Barbosa. Porém, mais que acolher visitantes ilustres, a cidade os gerou para o País.
Podemos destacar alguns nomes de filhos de Santo Amaro (alguns adotados pela cidade ou que a ela adotou): Adroaldo Ribeiro Costa, Alves de Carvalhal, Amélia Rodrigues, Arlindo Fragoso, Assis Valente, Barão de Itapicuru, Caetano Veloso, Caio Otaviano dos Santos Moura, Conde de Subaé, Conselheiro Saraiva, Emanuel Araújo, Eustáquio Primo de Seixas, Heitor Dias, João da Silva Campos, João Ferreira de Araújo Pinho, João Moniz Barreto de Aragão, José Cupertino de Lacerda, José Silveira, Mano Décio da Viola, Manoel Faustino dos Santos Lyra, Manoel Querino, Maria Bethânia, Marquês de Abrantes, Marquês de Santo Amaro, Miguel du Pin e Almeida, Monsenhor Gaspar Sadoc da Natividade, Odilon Otaviano dos Santos, Osvaldo Valverde, Padre Inácio Teixeira dos Santos, Padre José Gomes Loureiro, Pedro Ferreira, Pedro Francisco Rodrigues do Lago, Prado Valladares, Rogério Rego, Sérgio Cardoso, Theodoro Sampaio, Visconde de Oliveira, Visconde de Pedra Branca, Visconde de São Lourenço e Wanderley Pinho.
Dos prédios históricos que existiam em 1978 e que foram analisados e catalogados pelo IPAC-BA, muitos já não mais existem. Foram considerados de relevância histórico/arquitetônica e destacaram-se em um primeiro estudo:
1. Matriz de Nossa Senhora da Purificação;
2. Convento de Nossa Senhora dos Humildes;
3. Igreja de Nossa Senhora do Amparo;
4. Matriz de Nossa Senhora de Oliveira dos Campinhos;
5. Capela de São Brás;
6. Capela de Santo Antonio dos Calmons;
7. Capela de Bom Jesus dos Pobres;
8. Capela de Nossa Senhora do Desterro;
9. Igreja do Senhor Santo Amaro;
10. Igreja de São Domingos de Gusmão
11. Santa Casa de Misericórdia
12. Hospital Nossa Senhora da Vitória;
13. Sobrado à Rua Conselheiro Saraiva, nº 10;
14. Sobrado à Rua Conselheiro Saraiva, nº 29;
15. Sobrado à Rua Conselheiro Saraiva, nº 39;
16. Sobrado à Rua Conselheiro Saraiva, nº 47;
17. Casa na Rua General Câmara, nº 63;
18. Sobrado à Rua Conselheiro Paranhos, nº 7;
19. Casa de Câmara e Cadeia;
20. Casa à Rua da Matriz, nº 9;
21. Sobrado do Engenho Subaé;
22. Solar Araújo Pinho;
23. Solar Aramaré;
24. Solar Paraíso;
25. Sobrado à Avenida Presidente Vargas, nº 17;
26. Chalet na Praça 14 de Junho;
27. Sobrado do Engenho Novo;
28. Chácara Rocinha;
29. Casa da Fazenda São João.

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