terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

UM POUCO SOBRE A ESCOLA DE SAMBA ESTAÇÃO 1º DE MANGUEIRA


Ficha técnica da Mangueira  (Foto: Arte G1)
A Estação Primeira de Mangueira levou para a Marquês de Sapucaí duas baterias no desfile desta segunda-feira (11), pelo Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro. O grande número de ritmistas, a dificuldade para que todos entrassem e saíssem dos recuos e problemas com carros alegóricos atrasaram o andamento da escola, que extrapolou o tempo limite em 6 minutos.
O público acompanhou em pé a apresentação, que terminou à 0h14, depois de 1 hora e 28 minutos. Pelas regras da Liesa, a cada minuto de atraso a agremiação perde um décimo de ponto.
(VÍDEOS AO LADO: A comissão de frente; as duas baterias; o recuo da bateria dupla; Gracyanne Barbosa, rainha de bateria; o samba-enredo; o atraso da escola; e Ivo Meirelles falando sobre o atraso.)
"O carro prendeu ali na torre e a gente acabou passando de sete minutos. Se a gente corresse, ia acabar perdendo em alguns segmentos, alguns quesitos. Então a gente optou por realmente perder esse tempo para não perder em alegria", disse o presidente da escola, Ivo Meirelles.
"A bateria foi um espetáculo. Você não vai ver nem ontem nem hoje tamanho espetáculo na arquibancada. Foi histórico", comentou emocionado ao fim do desfile.
A escola levou à Sapucaí 4 mil componentes, divididos em 48 alas, com sete alegorias. Em busca de seu 19º título, a agremiação apostou no enredo "Cuiabá: um paraíso no centro da América!", mostrando as belezas, os costumes e a história da capital do Mato Grosso. A cidade foi descoberta pelos bandeirantes em 1719 e ficou praticamente estagnada depois do fim das jazidas de ouro, no início do século XX.
Duas baterias
Depois da parada longa da bateria em 2012, quando a escola cantou o enredo "Vou festejar, sou cacique, sou Mangueira" e ficou em sétimo lugar, a agremiação inovou novamente no desfile deste ano ao levar para o sambódromo duas baterias. Ao todo, foram 500 ritmistas, que tiveram Gracyanne Barbosa como rainha.
A primeira bateria, "Maquinistas - no ritmo do trem de bamba", e a segunda, "Cozinheiros - o sabor cuiabano do tempero do samba", foram comandadas pelos mestres Ailton Nunes e Marrom. Durante a apresentação, os dois grupos de ritmistas se alternaram no comando do samba, com uma breve parada servindo para marcar a passagem de uma bateria para outra. Foram várias trocas a partir da metade do desfile.
Por diversas vezes a bateria fez ainda paradas para que integrantes da escola e público pudessem cantar o samba-enredo. Um segundo recuo, improvisado, foi usado para abrigar todos os ritmistas na metade final da apresentação.
Luizito, que ingressou na Mangueira em 1997 e assumiu o posto de primeira voz do mestre Jamelão em 2007, comandou o time de intérpretes, ao lado de Ciganerey e Zé Paulo Sierra, e com o reforço de Agnaldo Amaral, famoso no carnaval de São Paulo.
Problemas
A movimentação das duas baterias pela avenida fez com que o andamento da Mangueira fosse prejudicado. No fim do desfile, a agremiação precisou acelerar o passo e, mesmo assim, encerrou a apresentação com atraso de 6 minutos.
O carro abre-alas empacou no fim do percurso. Houve fogo na parte baixa da alegoria, mas ninguém ficou ferido e a alegoria foi retirada. O terceiro carro também teve problema para sair da avenida, depois que um 
forte cheiro de queimado se espalhou.
Outro problema aconteceu no desfile de Gracyanne Barbosa, rainha da bateria, que perdeu um pedaço da fantasia pelo caminho.
Homenagem a mestre Delegado
A comissão de frente "Formação do povo cuiabano entre lendas e assombrações" foi criada por Marcelo José Alves, o Marcelo Chocolate, que estreou pela Mangueira. Os integrantes representaram a formação do povo cuiabano, entre lendas e assombrações, e falaram das guerras travadas entre os bandeirantes em busca de ouro e os índios bororós, que viviam na região.
Na avenida, a comissão não teve apoio de tripé. Toda a encenação foi feita no chão. Através da dança, um padre missionário selou a paz para que índios e bandeirantes formassem um só povo. Um dos integrantes da comissão de frente surgiu vestido como mestre Delegado, um dos mais famosos mestre-salas do carnaval carioca, que morreu em 2012 aos 90 anos.
Durante a passagem da escola, a fantasia de um integrante da comissão de frente pegou fogo após problemas no equipamento que fazia o efeito. As chamas foram apagadas pelos bombeiros.
O mestre-sala Raphael Rodrigues e a porta-bandeira Marcella Alves foram responsáveis pelo pavilhão da escola. Eles chegaram ao sambódromo em uma luxuosa limousine de cor rosa. O segundo casal de mestre-sala e porta bandeira foi formado por Matheus e Débora, com fantasias que mostraram a riqueza de tramas e cores dos tecidos feitos à mão por mulheres ribeirinhas.
'Muito verde e rosa'
O carnavalesco Cid Carvalho, campeão quatro vezes pela Beija-Flor, foi pelo segundo ano seguido responsável pela festa da Mangueira. Ele disse que a escola sofreu ao longo do ano com falta de dinheiro para o carnaval, mas que nos últimos dois meses conseguiu recursos para elaborar as alegorias. Antes do desfile, ele garantiu que a escola iria superar as dificuldades. "Quem pensa que a Mangueira está morta vai se surpreender", afirmou Cid, destacando que nesse ano o desfile seria "muito verde e rosa".
O carro abre-alas levou ao sambódromo grandes nomes da escola, como Jamelão, Cartola, Carlos Cachaça, Mocinha, Delegado, Dona Neuma, Nelson Cavaquinho, entre outros.
Em seguida, o carro "Reino do Eldorado: em busca do ouro, o nascimento do Cuiabá" teve índios, bandeirantes e negros chegando à região atrás de ouro e riqueza, em referência à fundação da cidade.
A alegoria "Mitos e lendas" mostrou um pouco do folclore e da cultura de Cuiabá, repletos de personagens mitológicos, como Tibanaré, o velho índio que se transforma em pássaro ao anoitecer. A quarta estação foi "Arte e sabor", que mostrou a riqueza do artesanato e da culinária da região.
"Festa dos santos" falou da devoção a Bom Jesus, o padroeiro, e a São Benedito, padroeiro dos cozinheiros, além de mostrar as festas em homenagem ao Divino Espírito Santo. Depois, o carro "Portal do paraíso" apresentou as belezas naturais, como a Chapada dos Guimarães.
No fim do desfile, a mangueira mostrou Cuiabá como a cidade das oportunidades, uma das sedes da Copa de 2014. O último carro, "Sustentabilidade é a bola da vez", convidou brasileiros e estrangeiros para o evento esportivo ao mesmo tempo em que pediu reflexão sobre questões ambientais, em especial ao Pantanal.
Uma das mais tradicionais e populares escolas de samba do Rio, a Mangueira foi fundada em 1928 e recebeu o nome de Estação Primeira de Mangueira por ser a primeira estação de trem após a Central do Brasil. A escola tem 18 títulos, sendo um deles o supercampeonato de 1984, na inauguração do Sambódromo do Rio de Janeiro.

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