segunda-feira, 30 de abril de 2012

VAMOS LÁ FAZER UM GRANDE 1º MAIO! -

POR ULISSES GARRIDO


O Dia do Trabalhador foi pela primeira vez assinalado, em múltiplos países em simultâneo, inclusive em Portugal, no 1º de Maio de 1890.
          Cumprindo prontamente a orientação que havia emanado dos dois Congressos Operários de Paris, realizados no ano anterior, o operariado português também saiu às ruas nesse dia, reclamando a redução da jornada de trabalho. A iniciativa foi conduzida pela Associação dos Trabalhadores da Região Portuguesa.
          A partir dessa data, o 1º Maio nunca mais deixou de ser comemorado como dia da solidariedade internacional de todos os trabalhadores.


HISTÓRIA E MOTOR DE PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES

          Maio tem sido, ao longo dos anos, sinónimo de liberdade e motor de profundas transformações sociais e políticas: País onde não se comemore o 1º de Maio é país oprimido, com um povo reprimido.
          O princípio deste movimento internacionalista está ligado a acontecimentos bem trágicos, ocorridos quatro anos antes, no dia 4 de Maio de 1886, em Chicago, EUA.
          Os operários da cidade, encontrando-se em greve geral desde o dia 1 de Maio do mesmo ano pela jornada de oito horas, realizam um comício sindical na praça Haymaiket, perante uma forte presença policial.
          O ambiente está carregado de tensão e ansiedade. A provocação está preparada. Uma bomba explode. A confusão instala-se. As forças policiais disparam sobre a multidão, em pânico. São feitas prisões em massa. Oito dos detidos são transformados em bodes expiatórios, através dum processo judicial viciado e manipulado que termina com a condenação à morte por enforcamento de todos eles.
          Os mártires proletários têm nome: August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer, Samuel Fielden, Georges Engel, Michael Schwarb, Óscar Neeb e Louis Ling.
          Quando uma instância superior vem, tarde demais e por força dos protestos da sociedade americana, reparar a injustiça de que os operários tinham sido vítimas, quatro deles já haviam sido enforcados: Parsons, Spies, Engel e Fischer. Ling, na véspera da execução, suicidou-se com uma vela de dinamite. As penas de Fielden e Schwarb foram comutadas em prisão perpétua e a de Neeb em 15 anos.
          Apesar da repressão, 50 mil dos operários em greve conquistaram imediatamente o dia de oito horas, enquanto que outros 200 mil conseguiram reduções menos significativas.
          O exemplo dos operários de Chicago galvanizou os trabalhadores do mundo inteiro.
          A partir daí, os trabalhadores ganharam o direito de intervir no estabelecimento dos seus horários de trabalho e consciencializaram-se da importância decisiva da sua unidade e da solidariedade internacionalista na luta pela emancipação e dignificação de quem trabalha.


                 UMA HISTÓRIA TAMBÉM PORTUGUESA, CONCERTEZA!

          Em Portugal, o movimento sindical e laboral foi-se reforçando até ao derrube da Monarquia e a instauração da República. Com o novo regime político, algumas câmaras municipais decretaram o 1º de Maio como feriado oficial. A luta pela jornada de oito horas recrudesceu, o que levou a que ela fosse consagrada em 1919 para os trabalhadores da indústria e do comércio.
          Sete anos depois, com o golpe militar do 28 Maio de 1926, as liberdades fundamentais são suprimidas e fascizados os sindicatos. O 1º de Maio é proibido e as iniciativas que os trabalhadores, um pouco por todo o lado, tentam concretizar são alvo da mais feroz repressão policial. Por essa razão, a jornada do 1º de Maio alia, crescentemente, a luta pelo Pão, pela Paz e pela Liberdade à contestação do regime.
          Na longa noite fascista, o 1º de Maio de 1962 fica a constituir um raio de luminosa esperança. Nesse dia, em Lisboa, Porto, Setúbal e outras localidades, dezenas de milhares de pessoas saem à rua, protestando contra a falta de liberdades, contra a miséria e contra a guerra colonial que eclodira no ano anterior e que havia de vitimar e mutilar milhares e milhares de jovens trabalhadores.
          Também nesta altura cerca de 200 mil assalariados rurais do Alentejo e do Ribatejo entram em greve, conseguindo, desta maneira, impor aos latifundiários e ao fascismo a jornada de oito horas. Punha-se fim, finalmente, ao trabalho de sol a sol.
          O edifício da ditadura estremece, mas há-de demorar mais uma dúzia de anos a ruir.
          Disso se encarrega, em boa hora, o Movimento das Forças Armadas que, interpretando os anseios de liberdade, democracia e justiça social do povo, toma em mãos o derrube do fascismo e devolve as liberdades aos portugueses.
          O acto corajoso, cometido pelos dos jovens oficiais das Forças Armadas em 25 de Abril de 1974, é inequivocamente referendado pelos trabalhadores e pelo povo português, cinco dias depois, nas grandiosas manifestações do 1º de Maio, convocadas pela Intersindical Nacional (hoje, CGTP-IN). Foi o fim do corporativismo e a consagração, de facto, da liberdade sindical no nosso país.
1º DE MAIO 74: DO GOLPE À REVOLUÇÃO CONFIRMADA
          O 1º de Maio de 1974 impulsionou uma dinâmica revolucionária que conduziu a profundas transformações políticas, económicas, sociais e culturais. Desencadeou, pode dizer-se, um processo verdadeiramente revolucionário, responsável por um período de desenvolvimento social e humano ímpar no nosso país.
          São as conquistas que a Revolução de Abril permitiu que a Direita, hoje regressada ao poder, está empenhada em anular ou, pelo menos, diminuir, num recuo ao 24 de Abril. Pior: aos tempos do liberalismo mais selvagem, esse mesmo que mandou executar os "Mártires de Chicago".
          A política do Governo PSD/PP é, na prática, a negação de Abril e dos valores que afirmou. Nega o pão e o trabalho a cada vez mais trabalhadores. Compromete o desenvolvimento do país, reduz os salários e alimenta o parasitismo patronal. Nega o direito à igualdade e à justiça social. Atenta contra o direito à segurança social e promove a caridadezinha. Atenta contra a contratação colectiva, os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores, incluindo o direito de livre organização sindical, através do Código do Trabalho e sua regulamentação. Está apostado em destruir o Serviço Nacional de Saúde, para beneficiar os negócios privados. Põe em causa do direito à paz e à segurança dos portugueses, ao enfileirar com o belicismo de Bush e companhia.
          É contra essa linha de rumo que, 30 anos depois de 1974, o 1º de Maio terá, uma vez mais, que confirmar Abril e reclamar com determinação uma Nova Política e um Novo Governo, porque os que vigoram neste momento são um desastre em termos sociais e económicos e um perigo para a democracia e a soberania nacional.
          Em 2004, as comemorações do 1º de Maio da CGTP-IN (em mais de 60 localidades e em Lisboa, este ano, na Cidade Universitária) decorrerão sob a exigência da mudança e da solidariedade: Portugal precisa duma política e dum governo que dêem resposta aos problemas do país e dos trabalhadores.
          Por isso o 1º de Maio precisa da máxima participação! Precisa de todos, porque os objectivos são de todos. Do mais Jovem que ainda estuda, ao trabalhador com contrato a termo, do trabalhador mais velho ou já reformado, à investigadora, ao funcionário público, à trabalhadora discriminada, da desempregada menos activa a quem, alem do trabalho, ocupa tempo e dedicação a causas comuns, a associações, a movimentos sociais…
TODOS TEMOS DE FAZER UM ENORMÍSSIMO PRIMEIRO DE MAIO. PARA GANHAR O FUTURO!

          1 de Maio de 1974
          Manifestação do 1º de Maio, em Lisboa, congrega cerca de 500.000 pessoas. Outras grandes manifestações decorreram nas principais cidades do país.
          30 anos (2004) após o derrube da ditadura em Portugal, as comemorações do 1 Maio, em Lisboa foram marcadas uma impressionante manifestação entre o Estádio 1º.de Maio e a Alameda da Cidade Universitário.
          Desde manhã bem cedo, que a animação era enorme no jardim do Campo Grande. Largas centenas de vendedores ambulantes, onde predominava os de etnia cigana, instalaram as suas tendas, bancas, carrinhas, etc. Aqui se podia encontrar de quase tudo à venda. A impressão geral era de uma verdadeira feira, em tudo idêntica às descrições da antiga Feira do Campo Grande.
          Na parte da tarde, quando as largas dezenas de milhares de manifestantes vindos do Estádio 1º.de Maio (Freguesia de S. João de Brito), chegaram ao Campo Grande percorrendo parte da Avenida do Brasil, formou-se um imenso mar de pessoas, que de formas diversas faziam ouvir os seus protestos, em particular contra o desemprego e a política do actual governo, chefiado por Durão Barroso.
          Entre as organizações presentes, para além dos sindicatos, destacavam-se as organizações de apoio e solidariedade com os imigrantes, o povo Basco e o povo da palestina e o do Iraque.
          Sinal dos novos tempos: as vozes das mulheres, ao longo do desfile, eram as que mais sobressaiam, não apenas gritando palavras de ordem, mas cantando canções de protesto.
          As origens do Primeiro de Maio remontam à luta dos operários pela redução do tempo de trabalho. Essa teria iniciado em 1791, nos Estados Unidos, quando os carpinteiros da Filadélfia declararam greve para exigir a jornada de 10 horas e pagamento por trabalhos extras. A Convenção da Federação Americana do Trabalho, de 1884, tomou a resolução histórica de que "oito horas constituiriam uma jornada legal de trabalho a partir do 1º de Maio de 1886". A data também pode estar relacionada ao antigo costume dos trabalhadores que festejavam no 1° de Maio a chegada da primavera, que significava novas construções e melhores remunerações que no Inverno.
          A data escolhida pela maioria das nações do mundo para comemorar o Dia do Trabalho e celebrar a figura do trabalhador, tem origem em uma manifestação operária, por melhores condições de trabalho, iniciada no dia 1º de Maio de 1886, em Chicago, nos EUA.
          A greve, organizada pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá, foi violentamente reprimida pela polícia causando a morte de vários trabalhadores e a prisão de oito de seus principais líderes: Augusto Spies, Michael Schwab, Samuel Fielden, Adolfo Fischer, Jorge Engel, Luiz Lingg, Oscar Neebe e Albert Parsons.
          Por decisão judicial, quatro desses dirigentes foram enforcados em Novembro de 1887; três foram condenados à prisão perpétua e um suicidou-se na prisão.
          O Dia Mundial do Trabalho foi criado em Paris, em 1889.
          A partir de 1890 o Dia Primeiro de Maio passou a ser comemorado em quase todo o mundo. Mas, nos Estados Unidos, desde 1894, a data é comemorada na primeira segunda-feira de Setembro.
          Sobre a repressão da greve de 1886, na Praça Haymarket, em Chicago, o New York Tribune e o Chicago Times, publicaram, respectivamente as seguintes manchetes:
          "Estes operários brutos só compreendem a força, uma força que possam recordar durante várias gerações..."
          "A prisão e os trabalhos forçados são a única solução adequada para a questão social".
          No dia 1 de Maio de 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação centenas de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de um dos protestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos polícias que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.
          Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
          A 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adopta o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.


O Dia do Trabalhador no Mundo


            A "miséria imerecida"
          Em finais do século XIX, com o início da industrialização, começaram a aparecer novos problemas relacionados com o trabalho. O Papa Leão XIII dá conta do "temível conflito" que se estava a gerar "entre o mundo do capital e o do trabalho" dando lugar a uma situação de "miséria imerecida" (encíclica "Rerum Novarum", 15-05-1891).
          Um dos principais problemas que atingiam os operários era o horário de trabalho. Trabalhava-se de sol-a-sol, como os agricultores. Alguns reformadores sociais já tinham proposto, em várias épocas, a ideia de dividir o dia em três períodos: oito horas de trabalho, oito horas de sono e oito horas de lazer e estudo, proposta que, como sempre, era vista como utópica pelos empregadores.
          Com o desenvolvimento do associativismo operário, e particularmente do sindicalismo, a proposta da jornada de oito horas tornou-se um dos objectivos centrais das lutas operárias e também causa de violentas repressões e de inúmeras prisões e até morte de trabalhadores.
           Os "Mártires de Chicago"
          No 1º de Maio de 1886, milhares de trabalhadores de Chicago (Estados Unidos da América), tal como de muitas outras cidades americanas, foram para a rua, exigindo o horário de oito horas de trabalho por dia. No dia 4 de Maio, durante novas manifestações, uma explosão serviu de pretexto para a repressão brutal que se seguiu, que provocou mais de 100 mortes e a prisão de dezenas de operários.
          Este acontecimento, que ficou conhecido como os "Mártires de Chicago", tornou-se o símbolo e marco para uma luta que, a partir daí, se generalizou por todo o mundo.
            Os novos problemas
          Passados todos estes anos, a história do movimento operário continua a ser feita de avanços e recuos, vitórias e derrotas. Entre nós, a luta pelo horário de oito horas também tem uma longa história. Só em Maio de 1996 o Parlamento aprovou a lei da semana de 40 horas (oito horas diárias de segunda a sexta feira). No entanto, as horas extras e o trabalho em fins de semana, acabam muitas vezes por anular as conquistas consignadas na lei.
          As novas formas de organização do trabalho, a precarização e a globalização vem trazer novos problemas que os trabalhadores têm que enfrentar.
          A exploração do trabalho infantil e da mulher, bem como dos imigrantes são um desafio permanente à imaginação e à capacidade de organização e de luta dos trabalhadores.
          A solidariedade
          A Doutrina Social da Igreja propõe a solidariedade - a que chama "virtude" - como o meio necessário e indispensável para que a luta dos trabalhadores pela sua dignidade, seja eficaz. João Paulo II, na "Solicitude Social da Igreja" (nº 38), reconhece "como valor positivo e moral, a consciência crescente da interdependência entre os homens e as nações. O facto de os homens e as mulheres, em várias partes do mundo, sentirem como próprias as injustiças e as violações dos direitos humanos cometidas em países longínquos, que talvez nunca visitem, é mais um sinal de uma realidade interiorizada na consciência, adquirindo assim conotação moral.
          Trata-se antes de tudo da interdependência apreendida como sistema determinante de relações no mundo contemporâneo, com as suas componentes - económica, cultural, política e religiosa - e assumida como categoria moral. Quando a interdependência é reconhecida assim, a resposta correlativa, como atitude moral e social e como "virtude", é a solidariedade. Esta, portanto, não é um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos."
           Dia de festa
          Não se pense que este dia, herdeiro de uma forte tradição de luta operária, à mistura com perseguições, prisões e até mortes, é um dia triste. Não, porque nele também se recordam as conquistas - pequenas e grandes - que os trabalhadores foram conseguindo através dos tempos. É uma longa história que sabe bem recordar e celebrar.
          Os Movimentos Operários da Acção Católica - JOC e LOC/MTC - costumam celebrar o 1º de Maio como o "Dia da Solidariedade", em que propõem aos seus membros e amigos, além de recordar e celebrar o significado histórico deste dia, a participação com um dia de salário para as despesas dos respectivos Movimentos.
          Dia de S. José Operário
          A Igreja quis dar a este dia de acção e de festa - "A Festa do Trabalho" - uma dimensão de fé. Em 1955, o Papa Pio XII instituiu a Festa de S. José Operário, a ser celebrada precisamente no dia 1 de Maio de cada ano.
Horácio Noronha

        
Festa do Trabalho

         O trabalho domina o panorama da vida humana. Olhando para o mundo, criado por Deus, vemos que é continuamente transformado pela mão do homem que assim prolonga a obra da criação divina. Aqui reside a dignidade do trabalho humano.
          A Bíblia, ao descrever a criação, afirma que ao ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, foi confiado o domínio do universo. "Enchei e dominai a terra" (Gen. 1,28). A própria obra criadora de Deus é apresentada, em linguagem humana, "como trabalho de Deus" (cf. Gen. 2,2). E Jesus chega a afirmar: "Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho" (Jo 5,17). Quer isto dizer que o ser humano realiza-se como imagem de Deus, dominando a terra, através do trabalho. Este é uma necessidade para garantir o sustento e fonte de realização humana. Por vezes é penoso, mas foi redimido pelo Ministério Pascal de Cristo, que o transforma em oferta agradável a Deus e dom de serviço aos irmãos.
          Ao celebrar a memória litúrgica de S. José a 1 de Maio, a Igreja entende promover esta espiritualidade do trabalho. A "Festa do Trabalho" é data memorável da luta humana pela dignificação do trabalho. Hoje já está mais despedida de motivações ideológicas e de impulsos reivindicativos. Mas não podemos esquecer as orientações da Doutrina Social da Igreja, tão abundante e oportuna neste campo, acompanhando de perto os novos desafios, que se vão colocando constantemente ao mundo do trabalho, devido à evolução tecnológica e aos desenvolvimentos da economia de mercado, em que a competitividade se torna sempre mais agressiva.
          De facto, o processo de globalização tende a pôr em causa o que se considerava adquirido, como o emprego estável e o sistema de protecção social. De um momento para o outro - advertem os nossos Bispos - "o emprego existente tornou-se mais precário e instável. Paralelamente, a protecção social vê-se sujeita a reformas tendentes, sobretudo, a enfraquecer a defesa contra os riscos. A agravar este quadro, as finanças públicas debatem-se com dificuldades geralmente reconhecidas e que têm justificado medidas restritivas com inegáveis consequências sociais... Seja qual for a evolução efectiva, o que importa é reconhecermos que o período que o país atravessa coloca exigências que a todos dizem respeito" (Nota Pastoral, 3 (2002), n. 3).
          A economia está ao serviço do bem comum, que é por definição o bem de todos. São necessárias reformas legislativas e sociais. O Estado tem nisso papel determinante. Mas urge também promover, na sociedade civil, uma cultura solidária, que responsabilize os cidadãos pelo bem comum. Os problemas e as dificuldades dizem respeito a todos. E todos devem colaborar para a sua solução. "Nunca será admissível que aqueles que menos tem em tempos de prosperidade sejam o que, proporcionalmente, mais sofram em tempos de crise... Não seria correcto nem justo atribuir a baixa produtividade da nossa economia apenas ao comportamento dos trabalhadores. Diversos outros aspectos, tais como a organização do trabalho, a modernização das empresas, os métodos de gestão, baixos níveis de qualificação, quer dos trabalhadores quer dos empresários, pesam bem mais no conjunto de factores explicativos da baixa produtividades". (Id., Ibid., nn. 5 e 11).
          O cristão será luz que ilumina a vida da sociedade e sal que tempera os mecanismos da economia, na medida em que se deixar orientar pela Doutrina Social da Igreja, que, sem pretender dar soluções técnicas, fornece directrizes de acção. Só assim é que se poderá construir a "civilização do amor", de que tantas vezes fala João Paulo II, uma utopia que, como o próprio termo indica, não existe completamente realizada em nenhum lugar, mas que o cristão tem fundada esperança de alcançar progressivamente, através de atitudes e comportamento, inspirados no Evangelho de Jesus, de que a Doutrina Social da Igreja é aplicação concreta e autorizada.
          D. António de Sousa Braga
          Bispo de Angra
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

DIA DO TRABALHO E NÃO DO TRABALHADOR

Lamentavelmente, dia primeiro de maio continua sendo Dia do Trabalho, não Dia do Trabalhador. A maioria (dos trabalhadores) trabalha, no dia primeiro. ‘Tá’ discordando?... Pense comigo (ou sem migo, mas pense): primeiro de maio tem festa, ou manifestação de entidades sindicais, movimentos sociais. Quem organiza tudo isso, dias, semanas antes, até chegar a hora?... Quem monta os shows de pagode, sertanejo, funk, ou seja lá o som que for, pra marcar o dito primeiro de maio?... Os artistas que se apresentam estão fazendo o quê?... Se alguma coisa, ou tudo, não dá certo, quem é chamado pra socorrer?... Quem é que lava a louça suja, também neste dia?... Tudo isso sobra para os trabalhadores, certo?...
Cá entre nós, além disso tudo que citei, muitos trabalhadores são obrigados a trabalhar nos feriados, finais de semana. E não ‘tô’ pensando só nos plantonistas, vigilantes, não. Tem muita gente “ralando no trampo”, pra não ser demitida. A fila de desempregados é sempre maior que a dos empregados – tem mais gente esperando na fila, que pouco anda. E ainda inventaram um tal de “banco de horas”, pra justificar mais tempo de trabalho, e menos contratações.
Em 1943, o então presidente Getúlio Vargas, que ainda não havia “saído da vida, pra entrar na história”, sancionou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pra “botar ordem na casa”. Antes disso, qualquer questão trabalhista ia parar na polícia mesmo, por que não havia outro jeito. De lá pra cá, muita coisa mudou, principalmente, a relação no trabalho, que cresceu, em todos os setores: informal, terceirizado, temporário, autônomo, etc e tal. Mas ainda existe muito trabalho escravo, nem sequer reconhecido por aqueles que o exercem.
Mas ainda tem coisa pior que isso tudo, acho. Pra maioria, trabalho é sinônimo de sacrifício, obrigação. Pode observar, sempre tem alguém trabalhando com a gente, de olho em concursos, procurando outro emprego, nas horas de folga. Isso sinaliza insatisfação, que, de um jeito, ou de outro, ‘respinga’ na atividade que exerce.
A gente ‘tá’ sempre em contato com tanta gente que trabalha, né?... Pois então perceba a diferença de alguém que trabalha com prazer e alguém que trabalha com sacrifício. Às vezes, encontramos esses opostos atendendo num só balcão – têm o mesmo salário, as mesmas horas semanais de trabalho, no mesmo ambiente. Bom humor e mau humor são distintos, até indisfarçáveis. Pode ser até que o bem humorado trabalhador seja um idiota, que nem pensa nos próprios direitos de cidadão. Mas, também, pode ser uma pessoa que sente prazer em trabalhar ali, fazendo o que faz, diariamente. Por outro lado, o mau humorado trabalhador pode ser o conhecido “reclamão”, que troca de empregos, ainda na “fase de experiência”, e sai falando mal dos locais onde trabalhou. Neste caso (que parece crônico), o trabalho serve mais como justificativa para o mau humor do pobre coitado.
Com toda certeza, amanhã será outro dia: dois de maio... Agora, chega de escrever e ler besteiras – vamos trabalhar!...

Presidenta Dilma em rede Nacional - Dia do Trabalho 01/04/12

Rocambole de nozes coberto com chocolate


INGREDIENTES
Massa:
8 ovos
8 colheres de farinha de trigo
8 colheres de chocolate em pó
8 colheres de açúcar refinado
3 colheres de água
1 colher de fermento em pó
Recheio:
2 latas de leite condensado
200g de nozes
1 colher de margarina
1 caixa de creme de leite
Cobertura:
500g de chocolate
1 lata de creme de leite
MODO DE PREPARO
Massa:
Bata separadamente as claras em neve, em outra tigela bata as gemas, o açúcar, o chocolate e a água, acrescente a farinha peneirada com o fermento, acrescente a clara em neve misturando lentamente, coloque em uma forma untada e coloque para assar.
Recheio:
Triture as nozes, acrescente em uma panela as nozes trituradas com o leite condensado, a margarina, mexa até soltar da panela. Desligue o fogo e acrescente o creme de leite.
Cobertura:
Derreta em banho-maria o chocolate picado, tire do fogo e acrescente aos poucos o creme de leite até ficar homogêneo.
Montagem:
Desenforme a massa e um guardanapo molhado, por cima coloque o recheio, enrole, cobra com o chocolate e enfeite ao seu gosto.

Trança de chocolate com bombons


INGREDIENTES
15 g de fermento fresco
125 ml de leite
2 xícaras (chá) de farinha de trigo (280 g)
1 colher (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de manteiga (20 g)
25 ml de óleo
1 pitada de sal
1 ovo
2 colheres (sopa) de cacau em pó
22 unidades de bombons picados (300 g)
Fondant de chocolate:
60 g de açúcar de confeiteiro
2 colheres (sopa) de cacau em pó
1 colher (chá) de margarina
2 colheres (sopa) de leite
MODO DE PREPARO
Dissolva o fermento fresco no leite e junte 1 xícara de farinha de trigo para formar a "esponja". Deixe descansar por 20 minutos.
Após o descanso da "esponja" acrescente açúcar, manteiga, óleo, pitada de sal e 1 ovo e misture bem até desgrudar das mãos. Divida esta massa em 2 tigelas ( ¾ xícara de chá para cada tigela).
Numa tigela com metade da massa adicione cacau em pó e mais ½ xícara (chá) de farinha de trigo e sove bem a massa. Na outra tigela com metade da massa adicione a outra ½ xícara (chá) de farinha de trigo e sove bem a massa. Cubra as tigelas com um pano e deixe que as massas descansem por 30 minutos. Reserve.
Abra cada massa separadamente e recheie cada uma com bombons picados (300 g de bombons para as duas massas). Estique a massa e enrole como se fosse um rolo. Una uma ponta do rolo da massa branca com a ponta do rolo da massa com cacau deixando os rolos paralelos. Pegue o rolo da direita e cruze sobre o rolo da esquerda. Pegue novamente o rolo da esquerda e cruze sobre o rolo da direita. Faça isso até que os rolos fiquem totalmente cruzados. Una as pontas finais.
Coloque a trança numa assadeira polvilhada com farinha de trigo, pincele 1 ovo batido e deixe a trança descansar até dobrar de tamanho (aprox. 30 minutos). Leve ao forno pré-aquecido a 180°C por 30 minutos. Retire do forno, deixe amornar e despeje o fondant de chocolate.
Fondant de chocolate:Numa tigela misture 60 g de açúcar de confeiteiro, 2 colheres (sopa) de cacau em pó, 1 colher (chá) de margarina, 2 colheres (sopa) de leite até ficar um creme liso. Despeje sobre a trança ainda morna.

SALGADINHO RÁPIDO.


INGREDIENTES
½ kg de batata cozida e espremida
250 g de farinha de mandioca fina
1 sachê de caldo de frango
Recheio a gosto (frango cozido e desfiado, carne-seca cozida e desfiada, camarão cozido, palmito em cubos)
MODO DE PREPARO
Numa tigela coloque a batata cozida e espremida, farinha de mandioca fina e sachê de caldo de frango e misture bem até formar uma massa homogênea.
Com as mãos pegue pequenas porções de massa, recheie a gosto e modele no formato desejado. Frite em óleo quente até dourar. Retire com uma escumadeira e escorra em papel absorvente. Sirva em seguida.
Dica: Se quiser congele o salgadinho antes de fritar. Na hora de fritar, descongele em forno ou microondas e depois frite em óleo quente.

promessas matrimoniais

Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos , mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:
"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"
Acho simplista e um pouco fora da realidade.
Dou aqui novas sugestões de sermões:
- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga (o) e ser amante , sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra , sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar , assim como você a ela ?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil , carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores , que fará filhos por amor e por vontade , e não porque é o que esperam de você , e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida , que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão , que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
- Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.
(Mário Quintana)

domingo, 29 de abril de 2012

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, 

Dobradinha

Ingredientes
5 kg dobradinha limpa
2 kg feijão branco
1 kg carne de sol
1 kg lingüiça defumada
1 kg bacon

Modo de preparo
Limpar e tirar toda a gordura da dobradinha. Ferventar por duas vezes utilizando limão
Jogar fora à água que a mesma foi ferventada e lavar bem a dobradinha em água fria
Enquanto isso, fritar o bacon, a carne de sol e a lingüiça Retirar toda a gordura extraída
Cozinhar juntos, dobradinha, bacon, carne de sol, lingüiça defumada
Cozinhar o feijão branco separado (ao dente ou ao ponto)
Quando estiverem todos cozidos, misturar em uma panela ou caldeirão (vasilha grande)
Tempero a gosto.
Fazer um molho (à parte): massa de tomate, cebola, pimentão, caldo de carne, alho amassado e dourado.
Acrescentar à mistura de dobradinha, misturar tudo e deixar ferver por 10 minutos, até dar consistência ao molho. 

Trabalhador brasileiro




Está na luta, no corre-corre, no dia-a-dia
Marmita é fria mas se precisa ir trabalhar
Essa rotina em toda firma começa às sete da manhã
Patrão reclama e manda embora quem atrasar
Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Dentista, frentista, polícia, bombeiro
Trabalhador brasileiro
Tem gari por aí que é formado engenheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador
E sem dinheiro vai dar um jeito
Vai pro serviço
É compromisso, vai ter problema se ele faltar
Salário é pouco, não dá pra nada
Desempregado também não dá
E desse jeito a vida segue sem melhorar
Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Garçom, garçonete, jurista, pedreiro
Trabalhador brasileiro
Trabalha igual burro e não ganha dinheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador
Procura-se um amante!

Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não têm, e as que tinham e perderam.
Geralmente são essas últimas as que vêem ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro ou as mais diversas dores.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"Depressão", além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que elas não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que elas precisam de um AMANTE!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam:
"Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas?!
"Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.
Àquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:
AMANTE é "aquilo que nos apaixona".
É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso AMANTE é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso amante em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis.
Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto...
Enfim, é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir levando".
E o que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã. Por favor, não se contente com "ir levando"; procure um amante, seja também um amante e um protagonista  da SUA VIDA...
Acredite: o trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é desistir de viver; por isso, e sem mais delongas, procure um amante .
A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental: "PARA SE ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR A VIDA."

Dia da Educação - 28 de Abril.

"...a boa educação é a base de uma nação consciente de seus direitos e deveres, que é capaz de construir o melhor para si e seu país, contribuindo para uma sociedade mais justa e com alta qualidade de vida".



Educação - É o conjunto de técnicas e conhecimentos necessários para a transmissão do saber e dos valores essenciais à sociedade.
Ao professor cabe transmitir conhecimentos e estimular o raciocínio lógico e a visão crítica dos estudantes, ajudando-os no desenvolvimento de habilidades para entrar no mercado de trabalho e assumir seu papel de cidadão.
Atua em todos os níveis da educação, do ensino infantil ao superior. Pode lecionar disciplinas específicas nos cursos profissionalizantes, nas classes de alfabetização, de educação especial (para portadores de deficiência) ou para jovens e adultos (antigo supletivo). Pela Lei de Diretrizes e Bases de 1996, todos os professores, de qualquer nível de ensino, devem ter formação superior a partir de 2007. Para lecionar em faculdade, é preciso, ainda, ter pós-graduação.
Hoje em dia é grande a importância dada à educação. O número de analfabetos no país vem caindo a cada ano e praticamente todas as crianças com idade entre 7 e 14 anos estão matriculadas na escola. E também há um esforço para colocar na pré-escola as crianças com menos de seis anos de idade.
Outra preocupação atual é com a repetência. Professores e o Ministério da Educação buscam formas de evitar a repetência dos alunos para que eles não desanimem e acabem abandonando a escola. Mesmo assim, muitas crianças e jovens têm que deixar de estudar porque precisam trabalhar.
A qualidade do ensino também é um ponto importante para se pensar. Pouco adianta completar séries e ganhar um diploma se não aprendermos de verdade. Por tudo isso, estudar com prazer e buscar compreender o mundo através do que aprendemos é uma boa forma de comemorar o Dia da Educação.
Como anda a educação no Brasil?
O IBGE realiza várias pesquisas que levantam dados sobre a educação no Brasil, sendo a maior delas o Censo Demográfico. O último censo foi em 2000 e trouxe informações sobre analfabetismo, anos de estudo, freqüência escolar e redes de ensino, com distribuição de acordo com idade, estados, regiões do Brasil e sexo, entre outros dados.
Outra pesquisa importante, realizada com amostras da população brasileira, é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, que apresentou seus mais recentes resultados em 2003. Vamos aproveitar o Dia da Educação para sabermos mais sobre o assunto no Brasil?
Mais brasileiros sabendo ler e escrever
O mundo moderno exige das pessoas uma preparação cada vez melhor para o exercício de suas tarefas. Ler e escrever, além de serem formas de se comunicar com o mundo, são atividades básicas para o desempenho de muitas outras funções.
Sob esse aspecto, a população brasileira vem conseguindo alguns avanços. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2004, que traz os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003 (PNAD), do IBGE, o crescimento contínuo da taxa de escolarização vem reduzindo o analfabetismo, elevando o nível de instrução da população em todo o país e diminuindo, gradativamente, as grandes diferenças entre as regiões.
A taxa de escolarização dos jovens de 15 a 17 anos, por exemplo, aumentou cerca de 33% nos últimos 10 anos e atingiu, em 2003, 82,4% desses jovens. Não houve grandes variações entre as taxas regionais e a taxa média nacional.
Sobe o nível de instrução da população, cai o analfabetismo
A crescente escolarização vem impulsionando a elevação do nível de instrução da população. Entre 1993 e 2003, o analfabetismo declinou em quase 30% no Brasil. Esse declínio foi mais intenso nas regiões Sul (34,7%), Centro-Oeste (32,1%) e Sudeste (31,3%), principalmente nos estados do Paraná e Santa Catarina (com reduções de 37,6% e 36,7%, (respectivamente), o Distrito Federal (-45,7%) e o Rio de Janeiro (-41%). O Nordeste apresentou um declínio de 27%.
São considerados analfabetos todos aqueles que possuem mais de 15 anos de idade e não sabem ler nem escrever. A diminuição das taxas de analfabetismo no Brasil deve-se ao maior acesso da população carente ao ensino fundamental e aos programas de alfabetização de adultos, como, por exemplo, o Alfabetização Solidária, onde o governo federal atua em parceria com universidades, empresas privadas, prefeituras e comunidades, e o Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.
Meninos e meninas: quem estuda mais?
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2004, o analfabetismo apresentou maior declínio entre as mulheres (31,7%) do que entre os homens (26,9%).
No grupo das pessoas com mais de 10 anos de idade, ocupadas, as mulheres têm em média um ano de estudo a mais do que os homens (média de anos de estudo iguais a 7,7 e 6,7, respectivamente).
Educação, formando o ser humano
Segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, educação é: "processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual ou moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social". O processo de educação começa com a família, quando os pais ensinam a seus filhos o que julgam ser certo, como devem se comportar, a respeitar as outras pessoas. Ou seja, é o início da formação da criança, que aos poucos vai sendo preparada para a vida individual e em sociedade.
Num segundo momento, entra em cena a escola. Tem início a etapa da instrução da criança, onde ela vai adquirir conhecimentos referentes a áreas do saber específicas: Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História, entre outras.
Mas o papel da escola na formação do indivíduo não fica restrito a esse tipo de informação. De certa forma, a escola vai dar continuidade ao processo que foi iniciado pela família, educando a criança e o adolescente também para a vida, através da disciplina, das responsabilidades, do estímulo ao exercício da cidadania.
E lembre-se: a boa educação é a base de uma nação consciente de seus direitos e deveres, que é capaz de construir o melhor para si e seu país, contribuindo para uma sociedade mais justa e com alta qualidade de vida.
Quem está na escola vai à escola?
Agora vamos estudar mais detalhadamente a situação desses jovens que estão na escola. Há inúmeras razões que determinam o grau de freqüência à escola. A Pesquisa de Padrão de Vida (PPV), realizada pelo IBGE, entre março de 1996 e março de 1997, nas regiões metropolitanas do Nordeste e do Sudeste, onde estão concentrados 70% da população, teve como um dos temas apurados a Educação, com destaque para o estudo da freqüência à escola.
Veja alguns dos resultados da pesquisa:
  • 8% das crianças entre 7 e 14 anos, residentes nos domicílios pesquisados, não freqüentam a escola e grande parte alega como causas dessa situação dificuldades financeiras e desinteresse.
  • Entre as crianças de 7 a 9 anos, a renda aparece como o principal motivo (28%) pela não freqüência, seguida por razões ligadas ao sistema educacional (26%, sendo 11% a falta de vagas e 15% a ausência de escola próxima do domicílio) e por desinteresse (9%).
  • Já para a faixa de 10 a 14 anos, o desinteresse é o principal motivo (31%), seguido pela renda (25%). Os problemas relacionados ao sistema educacional respondem por 22%.
  • Na medida em que aumenta a renda familiar, cresce também a taxa de escolarização entre os membros da família.
  • O atual sistema educacional brasileiro tem a seguinte estrutura:
    - Educação Básica - compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.
    - Educação Superior - compreende o ensino superior e pós-graduação. Há também a educação profissional nos níveis básico, técnico de nível médio e tecnológico e a educação especial, para estudantes portadores de deficiência física ou mental.
  • Quanto maior o nível de instrução, maiores são as chances de encontrar trabalho. A conclusão é da Pesquisa de Padrão de Vida (PPV), realizada pelo IBGE, entre março de 1996 e março de 1997, nas regiões metropolitanas do Nordeste e do Sudeste, onde estão concentradas 70% da população.
  • Os resultados da PPV mostraram que a taxa de ocupação para quem estuda durante 12 anos ou mais é de 77,62%, contra 44,5%, para os que têm de 1 a 3 anos de estudo.
  • O Brasil gasta, em média, 5,5% do Produto Interno Bruto - PIB em programas de educação, incluindo os gastos públicos e os investimentos privados. Esse valor é alto. Só para se ter idéia, os Estados Unidos destinam 5,3% de seu PIB com educação e a Inglaterra, 5,5%. O problema que o Brasil enfrenta é a distribuição desigual dos recursos nos diferentes níveis de ensino. Aos alunos de nível superior é destinada uma quantidade muito maior de recursos do que para os do ensino fundamental.
Fontes: IBGE e diversos Sites
Webdesigner: Lika Dutra


terça-feira, 24 de abril de 2012

Relacionamento

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah,terminei o namoro...
- 'Nossa,quanto tempo?'
... - 'Cinco anos... Mas não deu certo...acabou'
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico; que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate... se joga... se não bate...mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria compania?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte.
Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil?
FATO !

Arnaldo Jabor.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A História de São Jorge - 2° parte.

A História de São Jorge - 1° parte.

Segundo a interpretação extraída do IV volume do "Flos Sanctorum"

Diocleciano, imperador de Roma, vendo que tudo lhe sucedia bem, determinou, segundo seu parecer e engano diabólicos, sacrificar aos deuses, principalmente a Apolo, sabedor das coisas que haviam de suceder. E consultando uma vez a estátua sobre certa coisa que desejava saber, dizem que lhe respondeu o ídolo, que os justos que estavam na terra, lhe eram impedimentos para dizer a verdade, e por causa deles sucedia muitas vezes ser falso o que ele dizia que havia de ser. Enganado o mísero Diocleciano com o seu erro, desejava saber que homens eram aqueles que se chamavam justos na terra. Respondeu- lhes um sacerdote dos ídolos: "Esses, imperador, são os cristãos".
Não demorou muito o tirano de saber isto, e moveu guerra e perseguição contra os cristãos, já quietos das perseguições passadas. Logo sem mais tardar começou a perseguir os inocentes e justos. Era muito para chorar, ver os cárceres, feito para matadores, adúlteros e ladrões, cheios de Santos, que confessavam a Cristo por Deus e Salvador; e ver que não se contentava o tirano de atormentar os Santos com os tormentos antigos e costumados, mas, cada dia, inventou novos e mais cruéis tormentos com os quais grande multidão de cristãos eram torturados. Indo cada dia, de todas as partes, muitas acusações contra os cristãos ao imperador, e principalmente, referindo-lhe os procuradores do Oriente que os cristãos eram tantos que desprezavam seus mandados, e que ou haviam de permitir que vivessem em sua lei, ou que estando eles com grande exército, e assim os matassem todos, porque outra maneira não seria fácil.
Ouvindo o perverso Diocleciano estas coisas, mandou chamar todos os governadores e procuradores do Oriente e outras partes. Estando junto com os senadores, manifestou a crueldade que tinha contra os cristãos, e mandou que cada um dissesse seu parecer. Sendo alguns de contraria opinião, por último o tirano afirmou que nenhuma coisa havia mais excelente que a veneração dos ídolos; e assim lhes disse: "Todos que estimais minha amizade, ponde todas as forças para lançar fora de todo o meu império a religião dos cristãos, e eu vos favorecerei com todo o meu poder".
Louvaram todo este parecer do imperador, e determinaram que se referissem ao povo três vezes em três dias.
Estava então no exército o maravilhoso cavaleiro de Cristo, Jorge, o qual era natural de Capadócia, Ásia Menor (atual região da Turquia), de uma família nobre e tradicional na cidade. De pai e mãe cristãos, que muito zelaram pela sua instrução e educação, fora criado desde menino na sagrada religião cristã. Sendo Jorge ainda moço, morreu o pai, oficial do exército imperial, em uma batalha. Por ser ele bom cavaleiro, foi da Capadócia para a Palestina com sua mãe que era natural daquela região, onde tinha fazenda. E como tivesse idade para a guerra, foi instituído por capitão, e em pouco tempo sua personalidade, sua coragem e seu porte foram notados pelo Imperador Diocleciano, que o nomeou Conde. Ignorando ser aquele bravo um cristão, o Imperador romano elevou-o ainda a Tribuno Militar e ao Conselho Militar. Neste tempo faleceu sua mãe, e ele tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador, sendo de idade de 23 anos. Vendo, Jorge, que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres. Depois disto, no dia em que o conselho do senado havia de ser confirmado contra os cristãos, Jorge, sem temor humano, armado só de temor de Deus, com alegre rosto se pôs em pé no meio de toda a Assembléia e falou desta maneira:
"Oh! Imperador e nobres senadores, acostumados a fazer boas leis, que desatino é este tão grande, que não cessais de acrescentar vossa ira contra os cristãos, que tem a certa e verdadeira lei, para que a deixem e sigam a seita que vós mesmos não sabeis se é verdadeira, porque os ídolos que adorais, afirmo que não são deuses, havendo sido homens perdidos.
Não vos enganeis: sabeis que Cristo só é Deus e Senhor na glória de Deus Padre, e por ele foram feitas todas as coisas, e pelo seu Espírito Santo todas as coisas são regidas e conservadas. Pois esta é a verdade ele não queirais perturbar os que a professam."
Ouvindo isto todos ficaram atônitos e espantados do valor e atrevimento com que falou, e esperavam que o Imperador respondesse; mas ele ficando perturbado e refreando a ira, fez sinal ao cônsul Magnêncio, que respondesse a Jorge. O cônsul mandou chegar, Jorge, mas perto de si e disse: "Dize-me, jovem, quem te deu tamanha ousadia para falar nesta Assembléia? Respondeu Jorge: "A verdade". Disse o cônsul: "Que coisa e a verdade?" Respondeu-lhe: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis". Disse o cônsul "Dessa maneira és tu cristão?" Respondeu-lhe: "Eu sou servo de meu Redentor Jesus Cristo,e Nele confiando me pus no meio de vós "outros, para que dê testemunho da Verdade. "Com estas palavras se turbaram todos. Então, Diocleciano pondo os olhos em Jorge, o conheceu e lhe disse: "Sabendo eu há dias de tua nobreza, te levantei ao mais alto grau da dignidade de minha corte, e agora ainda que falaste tão alto, como sou muito afeiçoado à tua prudência e fortaleza, te aconselho, como pai amoroso, que não deixes o proveito e honra da tropa, nem queiras perder a flor da tua idade com torturas antes, sacrifica aos deuses e receberá de mim maiores prêmios e recompensas. "Jorge lhe respondeu: Oxalá, oh imperador, que conhecendo tu por mim. O verdadeiro Deus, lhe oferecesse o sacrifício de louvor, que ele pede e deseja; e eu ficarei por fiador de que ele Senhor de outro mais excelente império do que tens, que é o reino que dura para sempre; porque este que agora possuís, cedo se há de acabar. E sabe de certo que nenhum desses bens que me prometes, poderão de alguma maneira afastar-me de meu Deus, nem algum gênero de tormento que inventares poderá tirar de mim o amor de meu Redentor nem causar em mim temor algum da morte temporal". Ouvindo isto o imperador, cheio de ira mandou aos soldados que o deitassem fora da Assembléia com lançadas, e o metessem no cárcere. Fizeram logo os soldados o que lhes fora mandado, mas, a ponta da lança com que lhe tocou no corpo um soldado, dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessava de dizer divinos louvores. Sendo ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés e sobre o seu peito uma grande pedra. Tudo isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência, não cessou até o dia seguinte de dar graças a Deus.
Sendo manhã, o imperador mandou-o vir perante si, e estando Jorge muito atormentado com o peso da pedra, disse-lhe o imperador: ."Tornaste já sobre ti, Jorge?". Respondeu o jovem: "Por tão fraco me tens imperador, que cuidas que um tormento de meninos e tão pequeno, havia de me afastar de Cristo e negar a verdade, primeiro cansarás tu em me atormentar, do que eu sendo atormentado". Disse Diocleciano: "Eu te darei tantos tormentos que te acabarão a vida". Mandou logo trazer uma roda grande e cheia de navalhas e meter o jovem nela para ser despedaçado. Estava esta roda pendurada, e por baixo tinha umas tábuas nas quais estavam pregadas muitas pontas agudas como canivetes de sapateiro. Puseram-no entre as tábuas e a roda, atado com loros e cordas, tão apertado que dentro da carne se escondiam as cordas; e voltando a roda, todo o corpo lhe ficava cruelmente ferido. Este espantoso gênero de tormento sofreu Jorge com grande ânimo; e fazia oração ao Senhor, e depois ficou como adormecido por um bom espaço de tempo.
Vendo isto, Diocleciano, e cuidando que já estava morto, ficou alegre e começou a louvar os seus deuses, e dizia: "Onde está o teu Deus, Jorge? Por que não te livrou deste tormento?"
Mandou então tirá-lo do tormento. e partiu para ir sacrificar a Apolo; mas logo apareceu uma nuvem no ar, e viu um grande trovão, e soou uma voz que muitos ouviram, a qual disse: "Não temas, Jorge, porque estou contigo". Daí a pouco viu-se grande serenidade, e foi visto um homem vestido de branco estar em cima da roda, muito resplandecente no rosto, e deu a mão ao Santo Mártir, e abraçando-o mandou desatá-lo; e logo desapareceu aquele varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e são, dando graças a Deus.
Os soldados que o guardavam ficaram fora de si, espantados de tal visão, e deram logo novas do que se passava ao imperador que se achava no templo. Vendo o imperador a Jorge, dizia que não podia ser aquele o mesmo Jorge, mas outro que se parecesse com ele.
Dois corregedores, um chamado Anatólio, outro Petroleu, sendo antes criados na fé de Cristo, vendo o milagre cobraram ousadia, e em alta voz disseram: "Um só é Deus, grande e verdadeiro, que é o Deus dos cristãos", aos quais mandou logo o imperador levar para fora da cidade e cortar-lhe as cabeças, Muitos se converteram, então, ao Senhor tendo fé dentro de si, mas não ousavam descobrir-se com temor da morte e tormentas. Também a imperatriz Alexandra, conhecendo a verdade e começando a querer falar livremente, um cônsul a retirou, e antes que o imperador entendesse a causa, a deixou no seu palácio. Não sofrendo Diocleciano com estas coisas mandou meter Jorge em uma fornalha de cal virgem, três dias, e mandou vigiar, que lhe não viesse de nenhuma parte ajuda alguma. Sendo levado a esse tormento preso, ia fazendo oração a Deus em alta voz, dizendo: "Senhor meu, ponde os olhos de vossa misericórdia em mim, e livrai-me das ciladas do inimigo, e concedei-me que até o fim confesse o vosso santo nome".
"Não digam os meus inimigos por minhas maldades: Onde está o teu Deus? Mandai, Senhor, o vosso Anjo em minha guarda, assim como transformaste a fornalha de Babilônia em orvalho, e os moços que estavam dentro, conservaste sem lhes fazer mal o fogo".
Dito isto, e fazendo o Sinal da Cruz em todo o corpo, com grande alegria entrou no forno de cal. Os ministros e soldados que foram mandados pra executores destes tormentos, depois de o deixarem no forno se retiraram. Ao terceiro dia, chamou o imperador alguns soldados e disse: "Não fique na memória aquele mal-aventurado Jorge, para que não haja quem honre as suas relíquias; portanto ide, e se achardes algum osso subterrai-o, que não apareça mais. "Foram os soldados, seguindo-se grande multidão de povo para ver o que se passava. Descobrindo o cal acharam dentro Jorge com o rosto resplandecente; o qual, levantadas as mãos para o céu, dava louvores a Deus por todos os seus beneficies; e saindo do forno sem algum mal que lhe fizesse a cal, todos se espantaram de tão maravilhosa causa, e Louvaram o Deus de Jorge.
Chegou a nova deste milagre a Diocleciano, este mandou chamar a Jorge e muito espantado lhe disse: "Jorge, com que artes fazes estas maravilhas?" Respondeu-lhe: "Oh! cego imperador, que chamas artes as maravilhas de Senhor, por isso choro tua cegueira".
Disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos fazes milagres. Mandou então o tirano trazer umas chinelas de ferro ardente, e mandou-lhas meter nos pés, e desta maneira, o fez levar ao cárcere. e indo açoitando e zombando dele, diziam: "Oh! Como Jorge corre, ligeiramente", mas o mártir sendo tão cruelmente levado e açoitado, ia muito alegre dizendo a si mesmo: "Corre Jorge, para que alcances o prêmio". Depois orando, dizia: "Senhor, olhai o meu trabalho e ouvi os gemidos de vosso preso, porque os meus inimigos se multiplicaram e me tiveram grande ódio pelo vosso nome; mas vós Senhor, me sarai, porque todos os meus ossos estão atormentados, e dai-me paciência até o fim, para que não diga o meu inimigo: "Prevaleci contra ele". "Desta maneira passou Jorge até chegar ao cárcere, indo muito atormentado das chagas que lhe fizeram nos pés os pregos ardentes que as chinelas de ferro tinham para cima. Passando o Santo todo aquele dia e noite em dar graças a Deus, no dia seguinte foi levado diante do imperador, o qual estava sentado junto ao teatro público, estando presente todo o senado.
Vendo o imperador Jorge andar tão bem e sem sacrifícios como se não recebera algum mal, disse-lhe. "Jorge, as chinelas foram para ti refrigério?". Respondeu "Jorge: "Sim, foram". Disse o imperador: "Deixa já a tua ousadia e arte mágica, vem para nós e oferece sacrifício aos deuses, pois de outra maneira serás atormentado com diversos tormentos".
Respondeu Jorge: "Quão ignorante te mostras, pois chamas feitiços ao poder do meu Deus e por outra parte dás honras, aos enganos dos diabos que adoras".
O tirano mandou aos que estavam presentes que o ferissem no rosto , dizendo: "Assim te ensinaram a dizer injúrias aos imperadores? E depois disto mandou que o açoitassem com nervos de búfalo, até que fosse desfeito seu corpo. Sendo Jorge tão sem piedade atormentado, e não mudando a alegria do rosto, disse o tirano "Certamente não chamarei a isto obras de virtude, mas arte mágica". Disse então Magnencio ao imperador: "Senhor, mandai chamar um homem que aqui mora, grande mágico e com ele será vencido Jorge". Foi, logo, chamado o feiticeiro e lhe disse Diocleciano: "Todos os que estamos presentes sabemos o que este maldito Jorge faz; mas porque arte o faz, tu no-lo declararás. E rogo-te que destruas seus feitiços e o faças obedecer-nos." Prometeu então Athanasio, (o mágico) que no dia seguinte faria tudo que lhe ordenava; e mandou o imperador guardar Jorge no cárcere, no qual ele invocava o nome do Senhor, dizendo: "Seja Senhor, a vossa misericórdia sobre mim, e encaminhai meus passos na confissão de vosso Santo nome, e acabai minha vida na vossa fé, para que em tudo seja o vosso louvado".
No dia seguinte, estando Diocleciano no teatro, mandou vir o mágico, o qual veio muito vaidoso e mostrando ao imperador umas bebidas e disse: "Seja trazido aqui, Jorge e vereis a força destas bebidas; pois se quereis que obedeça dêem-lhe de beber o que trago neste vaso. E se quereis que morra dêem-lhe deste outro vaso".
Mandou o imperador vir perante si Jorge, e disse- lhe: "Agora, Jorge, serão acabadas as tuas artes mágicas", e mandou que por força bebesse um daqueles vasos; mas o Santo sem algum temor o bebeu sem lhe fazer mal; e finalmente esteve muito constante na fé e ficou a arte do diabo desprezada.
O imperador vendo isto, mandou-lhe dar a outra bebida quê o constrangessem a bebê-la; mas o bem-aventurado Jorge não esperando que o forçassem, pela divina virtude bebeu a outra sem lhe fazer mal algum.
Ficou o imperador pasmado e espantado e todo o senado e mesmo o feiticeiro de tamanha maravilha; e disse o imperador a Jorge mártir: "Até quando nos há de pôr em espanto com isto que fazes? Por que não acabas de confessar a verdade? Como escapas tão facilmente do veneno que te dão a beber e como desprezas os tormentos?" Respondeu Jorge: "Não cuides, imperador, que somos livres por alguma humana providência, más só pelo poder e virtude de Cristo; e confiados nele, não fazemos caso dos tormentos seguindo sua "doutrina". Disse então Diocleciano: "Que doutrina é a de teu Cristo? Respondeu Jorge: "Conhecendo o Senhor, a diligência que vós outros haveis de ter em perseguir os Santos, não temais aqueles que matam o corpo, nem façais caso das coisas transitórias; sabeis de certo que um cabelo de vossa cabeça não perecerá; e ainda que bebas veneno não vos fará mal." Finalmente prometeu-nos dizendo: "Aquele que crer em mim fará as obras que eu faço". "Que obras são essas? "Dar vistas aos cegos, curar leprosos fazer andar os mancos, abrir ouvidos aos surdos, expelir os demônios dos corpos, ressuscitar os mortos e outras coisas semelhantes a estas".
Virou-se então o imperador para Athanazio, o mágico e lhe disse: "Que dizes tu a estas coisas?" Respondeu Athanazio: "Admiro-me de ver como este jovem despreze a vossa mansidão com suas mentiras; más já que ele diz, que os que esperam no seu Deus farão as obras que ele faz, ali naquele sepulcro que está diante de nós, está um defunto, que eu conheci, e pouco tempo há que ali o sepultaram; se Jorge o ressuscitar, sem nenhuma dúvida adoremos o seu Deus". Então o imperador fez sinal a Jorge que o experimentasse.
Pediu então Magnêncio ao imperador que mandasse soltar a Jorge, e depois de solto lhe disse: "Agora, Jorge mostra-nos as maravilhas do teu Deus; e se o fizeres, todos creremos nele. Respondeu Jorge: "Nobre Cônsul, Deus que todas as coisas criou do nada, poderoso é para, por mim, ressuscitar este defunto; mas como vossas almas estão cegas, não podereis entender a verdade; porém, por amor do povo presente, isto que pedis tentando-me, Deus o obrará por mim, para que o não atribuas a arte mágica. Pois este mágico que aqui o trouxeste, confessa que nem por encanto, nem pelo poder dos vossos deuses, pode um morto ser ressuscitado, em diante de todos vós chamo a meu Deus"; e dizendo isto, pôs os joelhos em terra, e quase chorando orava a Deus, e levantando-se disse em alta voz: "Oh! eterno Deus de misericórdia, Deus de todas as virtudes, e que todas as coisas pode, que não frustreis a esperança dos que em vós confiam. Senhor Jesus Cristo, ouvi este mísero servo vosso, nesta hora, assim, como ouvistes, Santos Apóstolos em todo o lugar, dando-lhes poder para fazeres milagres e sinais. Dai, Senhor, a esta geração má o sinal que pode, e ressuscitai este morto para glória vossa, e do Padre e do Espírito Santo. Rogo-vos, Senhor, que mostreis a estes circunstantes serdes só vós, Deus Altíssimo sobre toda a terra e que eles conheçam serdes vós Senhor poderoso, a cuja vontade todas as coisas estão sujeitas e que vossa será a glória para todo sempre. Amém". Dizendo Amém, se ouviu um grande som, de maneira que tremeram todos.
Logo se levantou grande alvoroço e tumulto no povo e muitos deles louvaram a Cristo, dizendo que era o verdadeiro Deus.
O imperador e os seus familiares, espantados e cheios de incredulidade, diziam que Jorge era um grande mágico, e que metera algum espírito naquele corpo para enganar os circunstantes; mas depois que verdadeiramente viram e conheceram ser homem o que ressurgira, e que chamava a Jesus Cristo, indo correndo para Jorge, não sabiam mais o que dizer. Athanazio, encantado, vendo esta maravilha, lançou-se aos pés de Jorge, dizendo em alta voz que Cristo era Deus todo poderoso, e rogava ao Santo, que lhe alcançasse o perdão de seus pecados.
Daí a pouco fez o imperador calar o povo, e disse- lhe: "Veremos o engano e malícia destes feiticeiros? Este Athanazio, semelhante a Jorge, ambos de uma mesma arte, favorecem um ao outro; e as bebidas venenosas, não lha deu, mas deu-lhe outra cheia de encantamento para nos enganar". Acabando de dizer isto, mandou logo degolar Athanazio com o que fora ressuscitado, dizendo o pregão que era por confessarem a Cristo por Deus, e a Jorge mandou meter no cárcere, onde o Santo dava graças a Nosso Senhor pelas grandes maravilhas que por ele fazia.
E estando ali no cárcere, vinham a ele muitos dos que tinham recebido a fé pelas maravilhas que foram feitas. e desrespeitando os guardas, se lançavam aos pés dele, entre os quais alguns enfermos que, em virtude do sinal e do nome do Cristo, foram por ele curados. Andando um pobre homem lavrando a sua terra, um dos bois com que lavrava caiu em terra e morreu; e ouvindo a fama de Jorge foi correndo ao cárcere, chorando a perda do boi. Disse-lhe Jorge: "Vai alegre, porque Cristo, meu Senhor, tornou teu boi à vida". Crendo ele em suas palavras, foi correndo e achou o boi vivo como Jorge dissera, e logo sem mais se deter, tornou este homem, chamado Glycero, a Jorge, o ia pela cidade dizendo em vozes: "Muito grande é o Deus dos Cristãos". Uns cavalheiros o prenderam e mandaram dizer ao imperador o que se passara; o tirano cheio de ira o mandou degolar fora da cidade.
E Glycero, muito alegre, como se fosse a algum convite, ia correndo diante dos soldados que o levaram ao martírio, e com alta voz chamava ao Senhor, pedindo- lhe que recebesse o seu martírio. E desta maneira acabou a vida. Neste tempo, alguns dos senadores foram acusar Jorge ao imperador, dizendo que estando no cárcere abalava o povo e fazia a muitos receber a fé de Cristo.
Ouvindo isto, o imperador tomou conselho com Magnêncio, e no dia seguinte mandou aparelhar sua cadeia junto ao templo de Apolo, para que ali publicamente, fosse Jorge, perguntado. Naquela noite, orando Jorge no cárcere e adormecendo, viu em sonho o Senhor que por sua mão o levantava e abraçava, e lhe punha uma coroa na cabeça, e dizia: "Não temas, mas tem forte o coração, pois já és digno e mereces reinar comigo, não tardes em vir gozar dos bens eternos, que te estão preparados". Acordando e dando graças a Deus com muita alegria, chamou o carcereiro e disse-lhe: "Rogo-vos irmão, que deixeis entrar neste cárcere meu empregado, porque me importa falar com ele". Concedendo o carcereiro o seu pedido, entrou o moço que estava muito triste pelos tormentos que passava o seu senhor. Levantou-o da terra onde se lançara, chorando, consolou-o, esforçou-o e disse-lhe: "Filho, muito cedo me chamara meu Senhor para si, mas depois que passar desta vida, tomarás este mísero corpo e leva-lo-ás a Palestina, à casa onde morávamos, e Deus será guia de teu caminho, e não apartes nunca da fé de Cristo". E prometendo-lhe o criado com muitas lágrimas, que assim o faria, abraçou-o o Santo e mandou-lhe que fosse dali em paz.
No dia seguinte, assentado Diocleciano em sua cadeira imperial, mandou vir Jorge perante si, e começou com muita mansidão e falar-lhe desta maneira: "Dize-me, Jorge, não te parece que sou muito humano e benigno para ti? Testemunhas me sejam todos os deuses como me pesa em extremo de tua mocidade, assim em flor, da tua gentileza e formosura, como também pelo assento de tua descrição e constância de ânimo. E desejo muito, se te apartares da fé cristã, que mores juntamente comigo, e seja a segunda pessoa do meu império. Agora me responde o que te parece."
Respondeu Jorge: "Razão era, imperador, se tamanho amor e afeição me tinhas que me não perseguisse, como o inimigo principal, e não executarás em mim tantos tormentos por satisfazer com tua ira".
Ouviu o imperador isto com bom gosto e disse a Jorge: "Se me quiseres obedecer como pai, eu te compensarei os tormentos que te fiz dar, com muitas grandes honras que te farei".
Disse então Jorge: "Se queres, imperador, vamos ao templo a ver esses deuses que vós outros honrais". Levantou-se logo o imperador com grande alegria, e mandou declarar público que o Senado e todo o povo viesse ao templo. Indo o povo para o templo, louvava ao imperador pela vitória que, cuidavam, alcançara Jorge. Entrados todos no templo, e aparelhado o sacrifício, tinham todos postos os olhos no mártir esperando que sem nenhuma dúvida havia de sacrificar.
Jorge chegou à estátua de Apolo, e estendendo a mão, disse: "Por que coisa quereis tu que te ofereça sacrifícios como a Deus?"
E logo faz o sinal da cruz. O demônio, que dentro do ídolo estava, bradava dizendo: "Não sou Deus, nem algum semelhante a mim é o Deus a quem pregas. Nós, de Anjos fomos feitos diabos, e enganamos os homens pela inveja que lhes temos. Perguntou-lhe então Jorge: "Pois como ousais vós outros estar aqui neste lugar estando eu presente, que adoro o verdadeiro Deus?" Dizendo isto se sentiu um ruído, como choro que saía das estátuas, e caíram todos os ídolos em terra e fizeram-se em pedaços.
Levantaram-se então alguns dos do povo acesos em ira e fúria, instigando os sacerdotes, tomarem Jorge, e açoitando-o, bradavam dizendo. "Mate este feiticeiro, oh! Imperador, mate este mágico". E correndo estas novas, logo pela cidade, a imperatriz Alexandra, não podendo mais encobrir a fé de Cristo que tinha, veio com grande pressa, e vendo o alvoroço do povo e Jorge preso, e longe dela, e que pela muita gente não podia chegar a ele, bradou em alta voz e dizia: "Deus de Jorge, ajudai-me". Pacificando o alvoroço do povo mandou Diocleciano trazer diante de si Jorge, e com grande ira lhe disse: "Mau homem, desta maneira agradeces a bondade com que te trato? "Deste modo costuma sacrificar aos deuses? "Respondeu Jorge: "Sem dúvida, imperador, que deste modo, aprendi eu a sacrificar aos teus deuses: daqui em diante tem vergonha de atribuir a saúde que tens a tais deuses, os quais não podem sofrer a presença dos servos de Cristo".
Dizendo estas palavras o Santo, chegou a imperatriz e disse ao imperador o que tinha dito d'antes, e lançou-se aos pés de Jorge. Vendo isto o imperador, disse: "Que novidade é esta, Alexandra, que te afeiçoou a este mágico encantador? A bem-aventurada imperatriz não lhe quis responder, tendo-o por indigno de sua resposta. O cruel imperador, cheio de ira e furor pela mudança da imperatriz, deu contra Jorge e contra ela a sentença seguinte: Mando degolar a esse péssimo Jorge, o qual , assim aos deuses como a mim injuriou gravemente; e o mesmo fez Alexandra, imperatriz, enganada com seus feitiços.
Tomaram logo os soldados Jorge e o levaram preso fora da cidade, juntamente com a nobilíssima imperatriz, que orando a Deus como alegre ânimo, caminhava para o lugar do martírio; e indo assim, chegando a um certo lugar, pediu que a deixassem assentar um pouco, e assentando sobre o seu vestido, inclinou a cabeça sobre os joelhos e assim deu o espírito a Deus.
Por essa razão a bem-aventurado mártir, Jorge louvando e dando graças a Deus caminhava com grande alegria. Chegando ao lugar determinado fez oração ao SENHOR, dizendo:
"Bendito sois, Senhor Deus meu, porque não permitistes que eu fosse despedaçado pelos dentes daqueles que me queriam e buscavam, nem consentiste que meus inimigos ficassem alegres com a vitória: porque livraste a minha alma, como pássaro do laço dos caçadores. Pois agora, Senhor, também me ouvi, sede comigo nesta última hora, e livrai a minha alma da maldade dos malignos espíritos; e todos os males que por ignorância em mim executam, lhes perdoai. Recebei, Senhor, a minha alma com aqueles que desde o princípio do mundo vos serviram, e esquecei-vos de todos os meus pecados, que eu voluntariamente, ou por ignorância cometi".
"Lembrai-vos, Senhor, dos que recorrem ao vosso Santo nome, porque vós sois Santo, Bendito e Glorioso para sempre, Amém".
Acabando de dizer isto, estendeu o pescoço com alegria e foi degolado, e entregou sua alma nas mãos dos anjos a 23 de Abril, fazendo excelente confissão de fé pura e sã pelo ano 303.