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sábado, 7 de setembro de 2013
Somos de fato independentes?
Faz 191 anos que o Brasil tornou-se independente, e, a partir daquela data, 7 de setembro de 1822, o país passou a ter soberania para que pudesse estabelecer normas políticas próprias e conduzir sua administração pública.
Venho, portanto, a essa tribuna fazer alguns questionamentos que julgo importantes para a reflexão de todos nós brasileiros.
A independência, que faz alusão à autonomia, me faz refletir sobre as seguintes máximas: Adquirimos, de fato, essa autonomia? Economicamente falando, o Brasil é capaz de conduzir as próprias demandas sem atribuir encargos à população? Ou os impostos e as altas taxas de juros ainda representam um porto seguro ao país?
Segundo relatório 'Doing Business', do Banco Mundial, publicado no ano passado, é necessário que empresas brasileiras de médio porte - e isso inclui cada trabalhador brasileiro - produzam 2.600 horas por ano somente para arcar com impostos. Na Argentina, por exemplo, essa quantidade de horas produzidas é de 415/ano.
Na educação, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo IBGE no final de 2012, ainda há no Brasil 12,9 milhões de pessoas analfabetas. É de se reconhecer que esse número foi reduzido ao longo dos últimos anos, mas a taxa de analfabetismo funcional - que compreende aqueles que sabem escrever ou ler o próprio nome e que ainda são incapazes de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas-, não agrada. A mesma pesquisa indica que 30,5 milhões de brasileiros estão nessa condição.
A maior parte dessa população está localizada nas regiões Norte e Nordeste e, não posso me furtar do seguinte questionamento: Há quantos anos é sabido que os brasileiros que habitam essas regiões necessitam de maior atenção e investimento do poder público? Quantas gerações ainda vão nascer e crescer sabendo dessa realidade?
Mas, nesse dia em que celebramos a independência, também temos razões para comemorar. De acordo com o Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, vinculado à Presidência da República- nos últimos cinco anos, cerca de 200 mil brasileiros conquistaram a casa própria. E os números compreendem todas as regiões do país. Infelizmente, a região Centro-Oeste, da qual faço parte, não apresentou resultado significativo, mas, repito, há Brasil afora razões para comemorar a conquista da casa própria por tantos trabalhadores.
Essa mesma pesquisa nos revela, e eu não poderia deixar de citar, que ainda há um grande número de pessoas, cerca de 2 milhões, que comprometem 30% de sua renda com custeio do aluguel. Essa realidade se concentra especialmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.
Outro tema que guarda relação direta com o crescimento e desenvolvimento do Brasil é a Infraestrutura. Tenho dito repetidas vezes que é necessário destravar a burocracia e vencer, de uma vez por todas, a guerra do papel.
O custo extra das empresas, segundo estudo do Departamento de Competitividade de Tecnologia (Decomtec), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), é de R$ 17 bilhões ao ano, devido à precariedade da infraestrutura do país, incluindo péssimas condições das rodovias e sucateamento dos portos.
Mais uma vez, os efeitos recaem sobre o cidadão, uma vez que, o custo logístico acaba encarecendo o produto final em aproximadamente 20%, ou seja, R$ 2 a cada R$ 10, de acordo com reportagem do Fantástico de 21 de março deste ano.
Fora esse cenário, ainda temos de lidar com o desperdício. De acordo com levantamento dessa mesma reportagem, entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), há 700 quilômetros que ainda não podem ser chamados de ferrovias. O país já gastou R$ 5,1 bilhões e, depois de duas décadas, continua esperando pelo trem. Depois da obra toda paga, ficaram tantos problemas acumulados que ainda será preciso gastar mais R$ 400 milhões. Recurso originário dos impostos pagos por cada cidadão brasileiro.
Mas, Governo dá sinais de que está alerta. A Empresa de Planejamento e Logística (EPL) anunciou que pretende investir R$ 133 bilhões de reais em 10 mil quilômetros de ferrovias. Uma tentativa de contornar graves gargalos da infraestrutura. É um investimento primordial, o projeto contempla um modelo integrado dos problemas e das soluções para as ferrovias, rodovias, portos e aeroportos. Se tudo der certo, e conseguirmos tirar essa proposta do papel como foi apresentada, em uma década o Brasil será outro país, bem mais desenvolvido.
E social e politicamente, somos independentes? Ou ano após ano nos vemos reféns de índices alarmantes de casos de dengue, por exemplo, que fazem vítimas fatais de norte a sul do país nos mostrando a fragilidade de um sistema de saúde que ainda se faz vítima de 'um mosquito'. Nos três primeiros meses de 2013 o aumento foi de 279%, chegando a mais de 600 mil casos em todo o país. Nos resta saber a quem interessa que esse estado de calamidade praticamente se perpetue, porque a pergunta que se deve fazer é, será realmente que não temos a solução para extirpar de uma vez por todas a ação da dengue se conhecemos tão bem sua causa e seus efeitos?
Essa indagação nos faz ir mais além: Onde está nossa capacidade de questionamento? Sim, digo isso porque há alguns meses a população foi às ruas e nos mostrou a sua força, não física, mas de indignação. Uma manifestação histórica, apartidária, onde a única bandeira imposta pela sociedade era da moralidade, reivindicando mudanças no Brasil, na política, em setores elementares.
Que não tenhamos que esperar mais 191 anos pela frente para repensar. Que os avanços sejam motivo de comemoração sim, mas, a necessidade de mudança um constante estado de alerta e reflexão para todos nós! Nessa data, meu desejo de que a AGENDA POSITIVA aconteça a cada dia e não caia no esquecimento. E que a população mantenha-se a frente e não deixe, jamais, de fiscalizar.
FONTE: Diário de Cuiaba.
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