Independência do Brasil. Até respeito à data como fonte histórica de informação. “Dom Pedro I com a espada em punhos nas encostas do Rio Ipiranga. Fez parar seu cavalo, virou-se e gritou: Independência ou Morte. E o Brasil simbolicamente tornou-se independente da colonização portuguesa”. Resumidamente, foi esta a explicação dada por alguma professora de história nos tempos de colégio. Tempos bons aqueles. Tudo parecia ser mais fácil.
Continuando a falar de um passado, mas muito mais recente, acabo de chegar na década de oitenta, década esta que muitos dizem ser a mais chata de toda história. Injusto dizer que na década de 80 não aconteceu porra nenhuma. O problema foi que as décadas anteriores foram tumultuadas demais. No quesito mundo, o primeiro que me faço lembrar é no tal Gorbatchev, lá no final. Era um cidadão com uma mancha rosa no meio da testa, mas que possuía um incrível arsenal bélico, constituído durante todo o tempo de Guerra Fria contra os EUA. Aliás, recordo-me bem, que além da dúvida se teríamos uma guerra entre estes dois países ou não, ninguém sabia como falar o nome do até então líder soviético. Repórteres no mundo inteiro não sabiam se era Gorbatchev ou Gorbatchov. Depois a União Soviética tornou-se Rússia e ninguém mais falou nada. Sou do tempo da queda do muro de Berlim. Ainda lembro de uma porção de cabeças loiras arrancando pedaços do muro rumo a unificação da Alemanha. Tudo era mais simples e prático.
Aqui no Brasil, sou do tempo em que pousavam aviões de toda parte trazendo os últimos exilados brasileiros. Vinham de Cuba, Chile, Argélia, França e outros lugares. Descarregavam velhos e jovens comunas de volta aos aparelhos da sociedade, agora democrática. Nasci na parte mais sem graça, porém melhor da ditadura militar. A abertura política trouxe a democracia plena, nunca antes executada no país. E mesmo que queiram me convencer que os militares devam assumir o poder novamente, vou contra. Sempre.
Sou do tempo do início da modernização. Além da bola, existia o ATARI. Passava o dia todo jogando Enduro. Primeiro era um jogo por cartucho e achávamos moderno quando surgiu quatro jogos em um. O telefone celular era do tamanho de um tijolo maciço. Não existia internet. Toda comunicação externa era feita por carta. Naquela época tênis de criança não piscava. Rosemary e Wanderléia eram exuberantes. Ainda tinha Chico Buarque causando histeria nas fãs durante os programas do Chacrinha. Tinha o Costinha no auge com seu “uów” no microfone. E, claro, era doente pelo bochechudo do Fofão e comia umas bolachas em que ele aparecia. Com lágrimas nos olhos lembro do programa diário do Chaves e lembro um pouco da TV Pirata. Tinha ainda a fita que arrebentava dentro do som e era um saco tirar aquilo. Tudo era mais louco.
E lembro muito bem dos desfiles de outrora, nos dias sete de setembro. Via-se um orgulho maior na cara dos brasileiros. Hoje, muitos vestem preto em protestos. As bandas marciais já não possuem o mesmo ritmo. Existe desânimo nos aplausos do público. Muita coisa mudou, no mundo e aqui, mas o grito de independência ainda permanece. Cada vez mais fraco. Cada vez mais rouco.
Glauco Moretti
Continuando a falar de um passado, mas muito mais recente, acabo de chegar na década de oitenta, década esta que muitos dizem ser a mais chata de toda história. Injusto dizer que na década de 80 não aconteceu porra nenhuma. O problema foi que as décadas anteriores foram tumultuadas demais. No quesito mundo, o primeiro que me faço lembrar é no tal Gorbatchev, lá no final. Era um cidadão com uma mancha rosa no meio da testa, mas que possuía um incrível arsenal bélico, constituído durante todo o tempo de Guerra Fria contra os EUA. Aliás, recordo-me bem, que além da dúvida se teríamos uma guerra entre estes dois países ou não, ninguém sabia como falar o nome do até então líder soviético. Repórteres no mundo inteiro não sabiam se era Gorbatchev ou Gorbatchov. Depois a União Soviética tornou-se Rússia e ninguém mais falou nada. Sou do tempo da queda do muro de Berlim. Ainda lembro de uma porção de cabeças loiras arrancando pedaços do muro rumo a unificação da Alemanha. Tudo era mais simples e prático.
Aqui no Brasil, sou do tempo em que pousavam aviões de toda parte trazendo os últimos exilados brasileiros. Vinham de Cuba, Chile, Argélia, França e outros lugares. Descarregavam velhos e jovens comunas de volta aos aparelhos da sociedade, agora democrática. Nasci na parte mais sem graça, porém melhor da ditadura militar. A abertura política trouxe a democracia plena, nunca antes executada no país. E mesmo que queiram me convencer que os militares devam assumir o poder novamente, vou contra. Sempre.
Sou do tempo do início da modernização. Além da bola, existia o ATARI. Passava o dia todo jogando Enduro. Primeiro era um jogo por cartucho e achávamos moderno quando surgiu quatro jogos em um. O telefone celular era do tamanho de um tijolo maciço. Não existia internet. Toda comunicação externa era feita por carta. Naquela época tênis de criança não piscava. Rosemary e Wanderléia eram exuberantes. Ainda tinha Chico Buarque causando histeria nas fãs durante os programas do Chacrinha. Tinha o Costinha no auge com seu “uów” no microfone. E, claro, era doente pelo bochechudo do Fofão e comia umas bolachas em que ele aparecia. Com lágrimas nos olhos lembro do programa diário do Chaves e lembro um pouco da TV Pirata. Tinha ainda a fita que arrebentava dentro do som e era um saco tirar aquilo. Tudo era mais louco.
E lembro muito bem dos desfiles de outrora, nos dias sete de setembro. Via-se um orgulho maior na cara dos brasileiros. Hoje, muitos vestem preto em protestos. As bandas marciais já não possuem o mesmo ritmo. Existe desânimo nos aplausos do público. Muita coisa mudou, no mundo e aqui, mas o grito de independência ainda permanece. Cada vez mais fraco. Cada vez mais rouco.
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